A torcida do Fluminense curte a doce ressaca pela alegria do título da CONMEBOL Libertadores. Uma conquista para ser celebrada por gerações e gerações. “Foi bonita a festa, pá”, como dizia um antigo verso de Chico Buarque, tricolor famoso e que entende de futebol. Tem gente que ainda não voltou para casa.
Passar pela força e tradição do Boca Juniors no Maracanã significou a consagração de um grupo mesclado por jovens (André, Martinelli, Kennedy), vários atletas rodados (Ganso, Keno, Cano) e até veteranos como Fábio, Felipe Mello, Marcelo. A química funcionou durante a competição e atingiu auge no sábado. Sob o comando de Fernando Diniz, agora técnico de primeira linha.
Levantar a taça, fazer parte da elite dos que conquistaram a “glória eterna” é carimbo de excelência para qualquer equipe. Não importa se apenas por uma vez ou por sete, como pretendia o Boca. O Fluminense tem seu nome gravado, assim como os rivais cariocas Flamengo e Vasco.
O simbolismo do que aconteceu extrapola o evento do sábado. Os 2 a 1 da final tornaram mais marcante a hegemonia dos clubes daqui na região sul do continente americano. Só deu Brasil em seis das últimas sete edições: Grêmio (17), Flamengo (19), Palmeiras (20, 21), Flamengo (22), Fluminense (23). No meio tem o River (18).
Se o leque for ampliado desde o início dos anos 2000, os times brasileiros fisgaram 12 das 23 conquistas na história do torneio inaugurado em 1960. Coloquemos na lista São Paulo (2005), Internacional (06 e 10), Santos (11), Corinthians (11), Atlético-MG (12). A turma de cá empenhou-se na Libertadores pra valer a partir da década de 1990.
A hegemonia atual, só quebrada por argentinos, tende a ser mantida.Os clubes brasileiros têm mais arrecadação e fontes de renda, maior poder de investimento e consequentemente elencos melhores. Isso os distanciam dos parceiros da América do Sul. Só casos isolados quebram a regra e a lógica. Mais na Sul-Americana; raros na Libertadores.
Isso é bom para nós, claro, pois cada um olha para o próprio umbigo. Não sei se a longo prazo fará bem para a região. A não ser que os próprios argentinos consigam recuperar poder de fogo. Quem sabe, uruguaios. chilenos e colombianos também. Com dosagem de forças, aposto no óbvio: Libertadores ainda mais empolgante.
A comparação fica mais fácil de entender quando nos referimos aos duelos que mantemos com europeus. Nos Mundiais de Clubes, há mais de uma década não conseguimos bater as multinacionais a bolas estabelecidas na Espanha, na Alemanha, na Inglaterra. Sem contar eventuais zebras de outros continentes. Asiáticos, por exemplo, andam a reforçar-se. Bom ficar de olho neles.
Escrevi tudo isso para arrematar que torço para o Fluminense interromper essa farra europeia. Com futebol bem jogado e com a “bênção de João de Deus”, o verdadeiro, são João Paulo 2.
Amém.