No fim de junho, em Lisboa, Portugal, o Brasil perdeu por 4 a 2 de virada para Senegal, em amistoso, e o atacante Richarlison foi alvo de vaias da torcida brasileira presente no Estádio José Alvalade, depois de ser substituído no início do segundo tempo. E a atitude surpreendeu o camisa 9.
Em entrevista ao canal Que Papinho, do streamer Casimiro, o jogador do Tottenham revelou que ficou abalado com as vaias e que, inclusive, foi consolado no banco de reservas pelo volante Casemiro.
"Acho que foi a primeira vez que eu saio de campo vaiado assim. Querendo ou não, aquilo mexeu um pouco comigo. Estou ali dando a vida pela minha seleção e tal, e aí você sai de campo vaiado. Fui lá para o banco, fiquei meio triste, meio abatido. Aí veio o Casão (Casemiro), conversou comigo, falou para eu ficar de boa, tranquilo, que é só uma fase", começou por dizer o atacante, que desabafou.
"Nada vai mudar o que eu fiz no passado com a camisa da seleção. Não vão ser um, dois jogos que vão apagar tudo o que fiz com a camisa da seleção. Mas claro que eu fiquei triste naquele momento porque eu não imaginava que seria vaiado. Alguns torcedores podem não gostar de mim, mas quando eu estou ali dentro de campo eu dou a minha vida, faço o melhor pela nossa seleção e, querendo ou não, eles gostando ou não, estarei ali defendendo o máximo possível a minha seleção, vou amar do mesmo jeito e vou continuar trabalhando para conseguir dar essa volta por cima", prosseguiu.
O atacante ainda mostrou todo o seu apreço pela Amarelinha e contou por que sente algo diferente toda a vez que veste a camisa brasileira.
"Claro que na seleção a disputa é maior, são muitos jogadores, ainda mais na minha posição. É uma disputa sadia, todos que estão ali querem jogar. Na seleção, sei lá, é algo diferente, que não dá para explicar, sabe? Eu lembro que, quando eu estudava, tinha uns 8, 9 anos - e aí toda a vez que eu vou lá na minha cidade eu vejo essa professora. Eu lembro que ela nos ensinava a cantar o Hino da Independência, e quando chegava no momento 'Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil', ela batia no peito. Por isso fiz uma tatuagem no peito, eu faço o gol e já bato no peito. Significa muito para mim. Eu sempre lembro dela, Claudinha, professora de Educação Física. Era única aula que eu passava (risos). Eu fiz essa tatuagem em homenagem à ela e à seleção. Toda a vez que chego lá, chego com um sorriso no rosto. Pode ser eu na minha pior fase, que quando eu chego lá já fico todo feliz. A seleção me muda, muda, sim, a minha autoestima."
Problemas em casa e polêmica com Antonio Conte
Contratado com certa expectativa pelo Tottenham junto ao Everton no segundo semestre de 2022, Richarlison não conseguiu desempenhar o futebol que se esperava na sua primeira temporada pelos Spurs. Além disso, durante o perído, o camisa 9 teve lesões - uma delas inclusive colocou em risco sua ida à Copa do Mundo do Qatar -, além de uma polêmica com o técnico Antonio Conte, que já não está mais no clube.
Como resultado, o atacante de 26 anos registrou somente três gols - somente um na Premier League - em 35 partidas na temporada 2022/23. E Richarlison revelou que, além dos problemas citados acima, também teve questões dentro de casa que o atrapalharam.
"Às vezes as pessoas só olham dentro de campo, mas na temporada passada o extracampo me atrapalhou muito também. Dentro de casa as coisas não estavam acontecendo muito bem, tanto que eu decidi ir morar sozinho agora, então só estou morando com a minha prima e o meu fisioterapeuta, para me ajudar nas coisas que têm que fazer, nos exercícios. Muita coisa mudou, a minha casa ficou mais leve, tudo ficou mais leve. As coisas começaram a melhorar no final da temporada no Tottenham, mas as lesões atrapalharam muito. Até antes da Copa mesmo, que tive aquele susto de ficar de fora, e aí tive algumas brigas com o Conte porque não estava tendo sequência e tudo", revelou.
Em março, logo após a queda a queda para o Milan nas oitavas de final da Champions League, Richarlison fez um forte desabafo sobre a sua temporada e fez críticas a Conte. E as declarações geraram uma enorme polêmica no Tottenham, mas que segundo o atacante brasileiro já foi superada.
"Não, a gente se resolve lá dentro do vestiário. Claro que eu dei mole de ter falado na entrevista que eu precisava de tempo e tudo mais, foi depois da eliminação na Champions, mas depois pedi desculpa a ele. Até falei para ele que, se quisesse me punir, poderia. A gente se resolveu lá, depois eu tentei pegar novamente uma sequência e veio outra lesão. Querendo ou não, acaba afetando a cabeça também", disse.
"Ele deu as duras dele, tem que mostrar a firmeza também para o grupo, para dizer que ele está ali, que está no comando ainda. É o jeito dele de lidar com as pessoas, com o grupo, e ele ficou quase duas horas só me dando bronca na reunião, na frente de todo mundo (risos). Depois os jogadores até falaram 'Richi, não faz isso mais não. Ficar duas horas esperando' (risos). Todo mundo querendo ir (embora), e nós lá. Resolvido, de boa", prosseguiu.
"Depois que mandaram ele embora, mandei uma mensagem para ele. Pedi desculpas porque foi o cara que pediu a minha contratação e eu não pude ajudá-lo o tanto que ele imaginava. O mínimo que eu poderia fazer era pedir desculpas pelo que aconteceu ali", finalizou.